Era um texto sobre meninos, transformou-se em formigas.
Você
já prestou atenção em formigas carregando folhas? Quando eu era criança, achava
maravilhoso ficar observando esses animais trabalhadores suportando mais do que
seu próprio peso, afim de coletar recursos para se manterem. Uma atrás da
outra, elas trabalhavam em perfeita sincronia até sumirem pelo orifício na
terra – uma perfeita porta de entrada.
Sabe,
as formigas me remetem ao nosso compromisso em abastecer nossa vida com coisas
que queremos. Alguns passam a vida toda construindo um relacionamento ideal, a
casa dos seus sonhos ou trabalham horas e mais horas para juntar dinheiro e
fazer aquela viagem dos sonhos para Miami. Não precisamos carregar mais que
nosso peso, quer dizer, na maioria das vezes. Mas ainda assim somos como
formigas. Como se estivéssemos completamente hipnotizados, levamos pedrinha por
pedrinha até construirmos nosso castelo.
Mas
voltando a minha infância.... Eu costumava – por favor, não me julguem –
construir represas bem perto de onde as formigas moravam, apenas para simular uma
catástrofe e destruir aquilo que elas levaram horas/dias, para construir. Não
se preocupe, não me tornei um psicopata. Pensando sobre isso, me pergunto como
as formigas não perceberam que havia um gigante pronto para detonar com todos
os planos de trabalho dessas nobres operárias.
Mas
perai... É assim que funciona na nossa vida, não?
Ficamos
tão envolvidos em construir aquilo que tanto almejamos, que muitas vezes somos
incapazes de perceber o que acontece à nossa volta. Como formigas, nos
dedicamos de corpo, espírito e alma para nossos afazeres. Nos preocupamos em
terminar aquele trabalho da universidade a tempo, em fazer algumas horas extras
no trabalho, em poupar para comprar aquele carro dos sonhos. Ficamos tão
hipnotizados que quando a vida (pode chamar de Deus, Deusa, Universo, O Grande
Arquiteto, do que quiser) vem e destrói aquilo que levamos tanto para
construir, o que fazemos?
Diferente
das formigas, que retomam seu trabalho do zero, erguemos nossas mãos para o
alto e culpamos qualquer coisa – qualquer coisa mesmo – pelo o que nos
acontece. Com isso, desperdiçamos uma energia preciosa lamentando a perda,
quando, assim como as formigas, poderíamos estar retomando nossa construção.
Talvez até fazendo algo de forma diferente até conseguir comprar aquele carro,
construir aquela casa, encontrar o homem ideal ou somente abastecer nossa casa
com folhas para servir de alimento.
É,
realmente temos muito o que aprender com as formigas – e com as quedas do
caminho.
P.S: Nenhuma formiga foi ferida durante esse texto.
P.S: Nenhuma formiga foi ferida durante esse texto.
Parabéns pelo texto.
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